Os artistas escolhidos para o post do Fandom POP de hoje são um
pouco diferente dos anteriores por alguns motivos. Primeiramente, porque eles
não fazem música pop. Eles fazem rock. Ultimamente, com doses pesadas de pop, é
verdade. Mas se você perguntar, eles não vão dizer que fazem pop. A segunda
característica que os difere dos escolhidos anteriormente é a duração de sua
carreira. Grande parte dos artistas com fanbases pesadas de hoje em dia surgiram
há cinco anos. Eles já tem mais de dez anos de estrada. Com quatro álbuns, tem mais
de 3 milhões de seguidores no Twitter, uma fanbase muito bem-organizada, e uma
carreira sólida. Caso você ainda não tenha percebido, hoje o Fandom POP vai
falar do Paramore.
O Paramore surgiu em 2004, no Tennessee, com uma formação
original diferente da atual. No começo, a banda contava com Hayley Williams,
Josh Farro, Zac Farro, Jeremy Davis e Jason Bynum. Na época, apenas a vocalista
tinha contrato de gravação, mas todos continuavam tocando juntos. Ainda nesse
ano, o grupo saiu em turnê pelos Estados Unidos. Quando voltaram pra casa,
Jeremy saiu e foi substituído por John Hembree, com quem lançaram o álbum début,
All We Know is Falling, em 2005. Mas foi em 2007 que o Paramore começou a
conhecer o sucesso, e a formação que consagrou a banda começou a se delinear.
Taylor York se juntou ao grupo, e Jeremy voltou. E eles começaram a gravar Riot!.
E Riot! foi um sucesso. Debutou na Billboard na 20ª posição (Uma banda de rock!
Iniciante!). “Misery Business”, primeiro single do álbum, é, até hoje, uma das
faixas que nunca sai da setlist da banda. Em 2008, o Paramore foi indicado ao
Grammy como “Best New Artist”. Em novembro de 2008, lançaram um DVD, o "The
Final Riot!". E aí a saga Crepúsculo aconteceu. Com as faixas “Decode” e “I
Caught Myself”, a banda foi carro-chefe da soundtrack do filme, e ganhou ainda
mais atenção do grande público. Em 2009, foi lançado o último álbum com a
formação que consagrou o grupo: “Brand New Eyes”. Para alguns fãs, a era de
ouro do Paramore. Em 2010, um anúncio sacudiu a fanbase. Josh Farro e o irmão,
Zac, estavam deixando a banda.
Fundadora do Paramore FM (@paramore_fm), Camila Porto vê nesse ponto da história
da banda o momento mais complicado para os fãs.
“Eu, pessoalmente, lembro de ter acordado e descoberto sobre
a notícia, e eu, assim como quase todos os fãs, de primeira não acreditamos que
fosse verdade. E quando a situação se tornou pública o fandom entrou em
desespero: eles eram integrantes muito queridos, e foi como arrancar uma parte
do quebra-cabeça, nada realmente fazia sentido. Estavam todos perdidos, e
inconsoláveis. Essa perda levou a cabeça de todos fãs para uma pergunta: O que
irá acontecer com "Paramore"? O que será "Paramore" daqui
pra frente? Ainda existirá?”
Muito se especulou sobre a possibilidade de Hayley seguir
carreira solo. Mas os três integrantes que restaram resolveram continuar
tocando juntos. Hayley Williams, Jeremy Davis e Taylor York ficaram. Paramore
is still a band! E o trio lançou, em 2013, o álbum mais pop da história da
banda, o selftitled Paramore.
Ao contrário do que acontece em outras fanbases, o fandom do
Paramore não tem um nome exatamente definido. O mais conhecido é “parawhore”.
Com uma faixa etária mais ampla do que a maioria das fã-bases do pop atual, a
banda tem admiradores que vão, em média, dos 15 aos 26 anos. Mas, segundo
Camila, a dedicação não fica atrás dos outros grupos de fãs.
“As prioridades dos fãs são diferentes, assim como o tempo
livre para se dedicar a banda, mas o fato deles serem um pouco mais velhos não
quer dizer que se dediquem menos, mas apenas que a abordagem direcionada a esse
público é diferente do que aos fãs de um artista com faixa etária de 12-15
anos, por exemplo. Sabendo trabalhar um abordagem que chegue a esse grupo e os
faça interagir efetivamente, o resultado é ótimo”.
Diferentemente de outras bandas, o Paramore sempre passou
para seus fãs uma mensagem muito positiva. Nada de sexo, drogas e rock’n’roll. Renan
Collier, hoje com 17 anos, conheceu o Paramore aos 12. Cresceu com eles. Para
um jovem que está entrando na adolescência, fez toda a diferença ter ídolos com
a cabeça no lugar.
“Quando a gente tá nessa idade, nossos ídolos moldam muito
quem nós vamos ser. Ter uma banda que sempre prezou por manter uma boa imagem
fez com que eu buscasse ser alguém melhor também”.
Durante um bom tempo, Renan apresentou o Parapower Brasil (@parapowerbr),
que fazia vídeos quinzenais sobre a rotina do Paramore. Nessa época,
experimentou as dificuldades de falar sobre um grupo, sem dar mais destaque
para um ou outro.
“Eu acho que este é o maior problema do fandom. A Hayley é categórica
quanto a isso e sempre diz que não gosta deste tipo de divisão entre ela e a
banda, admiro isso nela. A gente sempre tenta manter a imparcialidade na hora
de dar uma notícia e lembrar que o importante é a banda”.
No Paramore FM, o trabalho é voltado nesse mesmo sentido.
“Nós estamos sempre ligados nos três, da mesma forma. Eles
são pessoas diferentes, mas isso não faz com que tenhamos preferências por um
ou outro, e é isso, esse amor igual pelos três (pelas suas individualidades,
personalidades) que tentamos passar em nosso trabalho. Sempre haverá conteúdo
relacionado a Jeremy, Taylor e Hayley em nosso site”.
Um dos grandes empecilhos para os fãs de bandas, boybands,
girlbands, é acompanhar os passos de vários integrantes. Enquanto o fandom de
um artista solo acompanha só uma pessoa, os parawhores cuidam de três vidas. Camila
garante que isso não é problema para a fanbase.
“Além de uma banda, eles são amigos bem próximos, estão
quase sempre juntos. E em relação a vida pessoal, são tantos anos os
acompanhando que, sinceramente, já nos sentimos parte da vida pessoal deles-
não de uma forma invasiva, mas sentimos um carinho especial pela família e
amigos próximos, como se fossem nossos próprios. O fato de eles serem três
pessoas não nos sobrecarrega de nenhuma forma. Temos um amor pelos três que faz
o trabalho, mesmo que as vezes desgastante, ser prazeroso. 3 é melhor do que 1”.
O Paramore realmente conserva uma relação muito legal com os
fãs. Estão sempre no Twitter, dividem suas vidas com os parawhores.
Recentemente, a esposa de Jeremy deu à luz à primeira filha do casal. O fandom
acompanhou a gravidez, e se emocionou com o nascimento da pequena Bliss. No
começo do ano, a banda fez um cruzeiro com os fãs, uma oportunidade muito legal
de aproximação com o grupo de pessoas que os acompanha e apoia há tantos anos.
Camila teve a oportunidade de conhecê-los mais de uma vez, aqui no Brasil.
“Em 2011 e 2013 na passagem do trio pelo Brasil, nós (do
site) tivemos a oportunidade de encontrar com a banda em meet&greets devido
ao nosso trabalho. Encontrá-los, e estar com eles é sempre um sonho realizado,
eles são extremamente amáveis, engraçados, e atenciosos”.
Ela vê aí a melhor coisa de ser fã do Paramore.
“Eles são extremamente gratos por todo apoio e por termos os
colocado onde estão hoje. Eles são humildes, carinhosos e atenciosos com os
fãs. No último ano, eu estava conversando com o Jeremy em relação ao fã clube e
ele disse-me uma coisa que me tocou: Que sem nós, eles não seriam nada, nada.
Que não temos noção em como somos importante para eles, é algo que nunca vão
ter como agradecer o suficiente. Naquele momento eu fiquei sem palavras, e pude
ver a sinceridade nele. O fato de os amarmos e eles nos amarmos com a mesma
intensidade torna esse grupo todo uma família, é talvez a melhor coisa. E para completar essa família, completar a principal razão
esta o fandom. Os fãs são incríveis, poder conversar com pessoas que
compartilham do mesmo amor que você, é o que nos liga. E sinceramente, o fandom
do Paramore é o mais engraçado que você vai encontrar, acontecem brigas (como
em toda família), mas um sempre esta lá para o outro: é incrível poder ser
acolhido dessa forma. O sentimento de pertencer a um grupo dessa magnitude é o
que nos faz seguir o nosso trabalho no fã clube todos os dias com um sorriso no
rosto. Além também do fato de ser fã de uma banda que lhe inspira a acreditar nos seus
sonhos, levantar-se e seguir em frente, e que inspira ações positivas a
sociedade. É um privilégio, nos dias de hoje, com tantas celebridades que são
superficiais, ter um ídolo que busca inspirar os fãs a serem pessoas melhores,
amar uns aos outros”.
Renan ainda ressalta um outro elemento importante: a música.